segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Camuflagem Óptica



É possível construir um dispositivo de invisibilidade com uma placa de vidro e uma lente, ambas recobertas por uma película de ouro. A luz do laser que incide entre as bordas se curva ao redor de um ponto central, tornando a área efetivamente invisível.

Nos últimos anos, especialistas em óptica criaram vários conceitos para revestimento de invisibilidade ─ uma forma de camuflagem que efetivamente redireciona a luz ao redor do objeto a ser ocultado. Muitas dessas abordagens dependiam dos chamados metamateriais, estruturas cuidadosamente projetadas que apresentam propriedades ópticas estranhas. Entretanto, um novo dispositivo de disfarce muito mais simples pode prescindir completamente de metamateriais.

Pesquisadores da BAE Systems, em Washington, D.C., Towson University e Purdue University desenvolveram um instrumento de invisibilidade com base em duas superfícies de ouro, uma revestindo uma lente curva e outra sobre uma peça de vidro plana. Quando sobrepostas podem dissimular uma área entre elas e formar o que é conhecido como um guia de onda variável. O truque está no gradiente do índice de refração do material. Quando a luz incide paralelamente ao conjunto, o índice de refração permite que o feixe se curve em torno de uma área central “como água fluindo ao redor de uma pedra”, explica Vladimir M. Shalaev, coautor do estudo e professor de engenharia elétrica e da computação na Purdue.

Shalaev integrava um grupo que, em 2007, projetou uma camuflagem para luz visível utilizando metamateriais. Entretanto esse disfarce funcionava somente com comprimentos de onda pré-definidos e ocultava apenas uma pequena área. O guia de onda, pelo contrário, parece funcionar em vários comprimentos de onda da luz visível e pode ocultar uma área maior. “Desde o começo percebemos o tamanho do desafio que seria construir esse dispositivo”, avalia Shalaev. “Basicamente não é impossível, mas é realmente muito, muito difícil.”

John Pendry, físico do Imperial College London, observa que a estratégia do guia de onda variável é “uma ideia muito inteligente.” O físico Ulf Leonhardt, da University of Saint Andrews, na Escócia, concorda, e acrescenta que o estudo, publicado em 29 de maio na Physical Review Letters, é “um trabalho brilhante, uma ideia maravilhosamente simples.” Os dois pesquisadores observam, entretanto, que essa nova abordagem não oculta uma área em três dimensões, mas em apenas duas. “Provavelmente o que se pretende ocultar não está confinado a duas dimensões”, lembra Pendry. Ainda assim, o sistema poderá ter aplicação em comunicações ópticas.

http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/camuflagem_optica_inovadora_facilita_comunicacoes.html

Jenifer Saueressig

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